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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O meu tapete preferido

A Bia era uma menina de 4 anos que vivia numa pequena casinha branca, junto ao mar. Esta menina era muito linda, tinha os olhos verdes e os cabelos encaracolados muito pretos. Todos os dias, depois de chegar a casa da escola, tirava os sapatos e punha-se a correr descalça pela praia fora sentindo a areia quente por baixo dos pés.
Muitas vezes, deitava-se na areia ouvindo o barulho das ondas e o trotear de dos cavalos bravos que andavam por ali perto. Deitada, olhava para o céu azul, fechava os olhos e ouvia o som das gaivotas e do vento a bater nas árvores.
Nos dias mais quentes, a menina banhava-se no mar e, apesar de no início a água estar sempre fria, colocar as suas mãozinhas pequeninas na água, era o que ela mais gostava de fazer! Brrrr, arrepiava-se toda.
Um dia, depois do seu passeio pela praia com o seu melhor amigo, o cão Pipo, a mãe chamou-a para casa. Era a hora do lanche. A Bia entrou em casa, lavou a cara e as mãos e sentou-se ao pé da mesa áspera da cozinha. Olhou para a comida que estava em cima da mesa. Hummm, cheirava tão bem, tinha tão bom aspecto!
Em cima da mesa tinha uma fatia de bolo de chocolate quentinha e um grande copo com sumo de laranja. Deu uma dentada no bolo e hum. Que maravilha, era tão docinho, sabia tão bem! Depois, cheia de sede, bebeu o sumo de laranja que a mãe lhe tinha preparado. Bleeerc! Ups, estava amargo! Como não gostava do sabor, deitou o resto do sumo na tigela do cão, mas o cão, também não gostou.
Quando já estava a terminar o bolo, começou a ouvir um som estranho, vindo do sótão da casa:
- Pop, pop, pop! Pop, pop, pop!
- Mas que barulho será este? – pensou. – No sótão não costuma estar ninguém. Será que deveria lá ir? É melhor não, a mãe não gosta que eu suba as escadas, sozinha. Tem medo que eu me magoe.
Mas a curiosidade era tanta que a Bia não resistiu e, devagarinho, assim com um bocadinho de medo, subiu as escadas para descobrir aquilo que estava a fazer aquele barulho.
Quando chegou à parte de cima das escadas, colocou a mão na maçaneta da porta para a abrir. Estava tão fria! Abriu a porta de madeira castanha, já muito velhinha, muito devagarinho, quando se deparou com uma coisa muito estranha. Não estava lá ninguém e o barulho tinha parado! Olhou por todo o lado e viu muitas coisas de muitas cores, coisas das quais ela já nem se lembrava, como os seu brinquedos velhos ou o seu berço de bebé. Viu um grande espelho velho, um baú encarnado, roupas antigas e um velho tapete cor de laranja.
- Oh afinal, não é nada, aqui só tem coisas velhas! – afirmou a menina. E foi então que o barulho voltou de novo:
- Pop, pop, pop! Pop, pop, pop!
Olhou em volta para tentar ver quem estava a fazer aquele som e continuava a não ver ninguém, quando de repente o barulho aumentou e alguém começou a falar:
- Coisas velhas, coisas velhas, era o que faltava, está a chamar-me velho! Mas que falta de respeito! – Quando a menina olhou para ver de quem era esta voz que não conhecia, ficou boquiaberta e até com pele de galinha. Era o tapete que estava a falar com ela. Não podia ser. Piscou os olhos duas vezes para ver se estava a ver bem!
- Sim, sou eu! - diz o tapete - e não sou velho nenhum, estou é cheio de pó por cima de mim!
- Oh, desculpa senhor tapete, eu não queria ser mal educada, mas diga-me lá, porque estava a fazer esse barulho, “pop, pop, pop!”? – perguntou a menina muito curiosa.
- Era para me ouvirem lá em baixo, para ver se alguém me vinha ajudar!
- Ajudar? A quê?
- A soltar-me debaixo deste baú para poder voltar para a minha casa! Estou aqui há muito tempo e tenho saudades do meu dono! – disse o tapete com uma voz trémula.
A menina, com muito esforço, lá o ajudou a sair debaixo do pesado baú. Depois de sair, o tapete sacudiu-se para se limpar e debaixo do pó, a menina viu que estava um tapete macio, com cores vivas e brilhantes.
- Explica-me uma coisa. – disse a menina – porque é que tu consegues falar com as pessoas e como é que tu vais para a tua casa? Eu não sei aonde é e sou muito pequenina, por isso não te posso levar lá!
Foi então que o tapete começou a contar à menina a sua história. Na realidade ele era um tapete mágico, tinha, portanto, os cinco sentidos, como as pessoas, podia ouvir, cheirar, sentir, ver, saborear a comida e ainda, falar e voar. Há muitos, muitos anos atrás, antes de ir parar a esta casa, tinha um dono, de quem gostava muito. Davam-se muito bem e, juntos, combatiam ladrões e bandidos.
Mas veio um dia, em que algo, muito triste, aconteceu. No meio de uma grande tempestade, por cima do mar, o tapete perdeu-se do dono. Depois, andou durante anos e anos á sua procura, mas nunca o conseguiu encontrar. Então, voltou para terra, onde uma senhora o encontrou e começou a utiliza-lo como um tapete normal.
- Oh, mas não lhe disseste que eras um tapete mágico? – perguntou a menina
- Não, como estava muito triste, não me importei! Depois a senhora, cansou-se de mim, e colocou-me aqui. Acabei por ficar preso. Mas agora vou de novo procurar o meu dono e, desta vez, sei que vou encontra-lo. – respondeu o tapete.
Ia já o tapete a sair pela janela do sótão fora, quando se lembrou:
- Como me salvaste, tens direito a um passeio, queres ir? – perguntou. E a menina muito contente respondeu:
- Claro que quero, mas não me deixes cair!
A Bia colocou-se em cima do tapete e saíram os dois pela janela fora. Ai, como era bom voar á altura dos pássaros e sentir o vento na cara. Olhar lá para baixo e ver tudo o que ela conhecia, tão pequenino. Ver os prados verdes, os cães a correr e ouvir o mar a bater nas rochas. Depois de muito se divertirem juntos, os dois amigos tiveram que voltar para casa porque já era hora de jantar. A mãe ia ficar muito preocupada se a procurasse pela casa e não a encontrasse.
Quando chegaram a casa, despediram-se, e entre algumas lágrimas, disseram adeus um ao outro. O tapete foi procurar o seu dono e a menina fechou a porta do sótão, desceu as escadas e dirigiu-se para a mesa da cozinha. A mãe ainda estava encostada à bancada a preparar o jantar. Era a sua comida preferida, uma bela sopa de legumes e carne! Já cheirava tão bem!
Quando a mãe serviu a comida no prato, ela meteu logo uma grande colherada à boca mas:
- Ui, ui, ui, está tão quente – disse a menina com a boca a doer. A mãe respondeu-lhe:
- Já sabes que deves comer devagar, assim, com tanta pressa, não te sabe a nada e ainda te dói na boca.
A mãe deu-lhe um grande copo com água e daí a pouco a menina já estava a terminar a sopa. Mas a mãe tinha uma surpresa para ela, a sobremesa era a coisa que ela mais adorava, era gelado de caramelo. Mmmmm, mmmmm, soube-lhe tão bem!
Mais tarde o pai ajudou-a a lavar o dentes, a vestir o pijama e a ir deitar-se. Contou-lhe uma história e depois apagou a luz e foi dormir. Estavam todos a dormir, quando a menina sente uma coisa muito macia na cara. Como estava cheia de sono, virou-se para o outro lado para afastar a coisa macia da cara. Daí a poucos minutos, começou a ouvir:
- Pop, pop, pop! Pop, pop, pop! – Levantou-se de repente e quem é que lá estava, o tapete.
- Porque voltaste? – perguntou a menina.
Foi então que o tapete lhe contou que tinha encontrado o dono e conversado com ele, ele era já muito, muito velhinho e ficou feliz por o ver, mas disse-lhe:
- Eu agora já estou muito velhinho, já não posso voar contigo, deves procurar outro amigo para novas aventuras. Podes vir visitar-me quando quiseres, serás sempre bem vindo!
O tapete muito pensativo disse:
- És a única amiga que tenho, pensei que podia ficar contigo! – e a menina abraçou-o com muita força e respondeu:
- Claro que sim! Estou muito feliz! Vais ser o meu segredo. Ficas sempre comigo.
Como fizeram uma grande algazarra, a mãe da menina acordou e veio ver o que se passava no quarto. O tapete fez de conta que era um tapete normal para a mãe não descobrir e a menina disse à mãe que não estava a conseguir dormir. A mãe disse-lhe para ela se deitar, abriu a janela e colocou uma linda música até a menina adormecer.
A menina começou a ouvir a música e lembrou-se das coisas boas que viveu ao longo desse dia. Viu-se novamente em cima do tapete. Estava a voar bem alto num belo dia de Verão, com o vento quente a bater na cara e, o seu cabelo solto, fazia-lhe cócegas no pescoço.
Sem nuvens, o céu azul brilhava só para ela e ao olhar para baixo, viu uma grande montanha cheia de árvores muito verdes e um rio de água muito limpa. Sentia-se feliz! Devagarinho, os seus olhos, foram ficando muito pesados, até que, por fim, adormeceu.
 Autoras:
Débora Gonçalves
Zina Escórcio


Nota: Esta história foi criada propositadamente para esta actividade com o objectivo de iniciar a abordagem de todos os sentidos através de vivências do quotidiano, com que todas as crianças se podem identificar.

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